quarta-feira, 26 de agosto de 2015

28 de agosto a 3 de outubro Galeria de Arte da CPFL Cultura recebe exposição com obras de Tomie Ohtake

Chega a Campinas a exposição “Tomie Ohtake: Cores Gravadas, Linhas no Espaço”, na galeria de arte da CPFL Cultura, de 28 de agosto a 3 de outubro, com entrada gratuita. O trabalho concentra-se na gravura e na escultura, áreas que, ao lado da pintura, são igualmente vastas na produção da artista, que morreu em fevereiro deste ano, aos 101 anos. A mostra é realizada pela CPFL Cultura, com curadoria do Núcleo de Pesquisa e do Instituto Tomie Ohtake. Durante o período de exposição serão oferecidas visitas monitoradas a grupos de estudantes, professores, educadores, ONGs e público em grupos de até 40 pessoas. Tanto na gravura como na escultura, destaca-se, na obra de Tomie Ohtake, a fluidez com que ela transpôs os traços e movimentos da pintura, tão particularmente seus, para esses novos materiais – mais rígidos e com outros limites. "A gestualidade se faz presente nessas práticas, seja nas curvas e torções dos tubos de aço que parecem ter sido moldados pelas próprias mãos de Tomie, seja nas imprecisões das formas presentes nas gravuras, retiradas com fidelidade de estudos realizados pela artista rasgando e cortando papéis, deixando claro seu compromisso na execução do trabalho", destaca o Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake. A gravura na obra da artista surgiu 15 anos após o reconhecimento de seu trabalho como pintora. Inicialmente, suas impressões eram em serigrafia, com as superfícies chapadas de cores, até chegar à construção de planos quebrados, ondulados, desvanecentes. Aos poucos a artista desenvolveu novos meios - a litografia - com diferentes possibilidades, como desenhos feitos a lápis. Porém, foi na gravura em metal que encontrou a mesma liberdade do pincel e com a qual seguiu trabalhando. As 44 gravuras presentes na exposição apontam como Tomie fez desta técnica um campo fértil e inovador. Ela criou séries em grandes formatos, transformou a gravura em objeto, produziu obras que avançam de um plano ao outro (na confluência de 90 graus) e ainda trabalhou a quatro mãos na composição do álbum Yu-Gen, uma série inspirada no Japão, com poemas de Haroldo de Campos inscritos sobre imagens criadas pela artista. Com seu experimentalismo incomum, suas gravuras também ganharam reconhecimento internacional, desde 1972, quando foi convidada a participar da sala Grafica D’Oggi na Bienal de Veneza - exposição que contou com a presença dos mais importantes artistas do mundo, como os norte-americanos da Pop Art -, além de sua participação na Bienal de Gravura de Tóquio, em 1978, tradicional mostra internacional desta técnica. Já a escultura na obra de Tomie surge a partir de 1996, quando foi convidada pela Bienal de São Paulo a participar com uma sala especial. Ela concebeu para o evento internacional uma série de peças em aço tubular, linhas flutuantes que, no lugar de imporem um volume, destacam o vazio. Desdobram-se desta série duas das esculturas reunidas em “Tomie Ohtake: Cores Gravadas, Linhas no Espaço”. O conjunto de três aros circulares, também presente na exposição, fez parte de sua primeira instalação, realizada a convite do Paço das Artes, em 2000. Exposição Tomie Ohtake Campinas CPFL CulturaCom aproximadamente quatro metros de diâmetro, com formas diferentes e ondulares que chegam a 1,50m de altura, os aros fazem um movimento pendular quando tocados, permitindo ao espectador movimentar as peças. “A obra de Tomie Ohtake é marcada pelo interesse contínuo da artista em renovar-se. Essa disposição possibilitou que ela transitasse, até os 101 anos, com a mesma força por diferentes linguagens, seja na pintura, na escultura ou nas gravuras. Sua vida e sua obra são inspiradoras para todos os que acompanham as rápidas transformações do mundo contemporâneo e buscam deixar a sua marca”, afirma o diretor-superintendente do Instituto CPFL Mário Mazzilli. Sobre a artista Tomie Ohtake nasceu em Kyoto, no Japão, no dia 21 de novembro de 1913, onde fez seus estudos. Em 1936 chegou ao Brasil para visitar um de seus cinco irmãos. Impedida de voltar devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou ficando no país. Casou-se, criou os dois filhos e, com quase 40 anos, começou a pintar incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano. A carreira da artista atingiu plena efervescência a partir dos seus 50 anos, quando realizou mostras individuais e conquistou prêmios na maioria dos salões brasileiros. Em sua extensa trajetória participou de 20 Bienais Internacionais. Sobre o seu trabalho foram publicados dois livros, 20 catálogos e oito filmes/vídeos, entre os quais o realizado pelo cineasta Walter Salles Jr. Em São Paulo, dá nome a um vibrante centro cultural, o Instituto Tomie Ohtake. Em comemoração ao seu aniversário de 97 anos, o Instituto exibiu cerca de 25 pinturas em grandes dimensões que investigam o círculo, produzidas em 2010. Com seu reconhecimento, Tomie tornou-se uma espécie de embaixadora das artes e da cultura no Brasil. Em 2013, Tomie Ohtake chegou aos 100 anos, comemorados com 17 exposições pelo Brasil, com destaque para as do Instituto que leva o seu nome, "Gesto e Razão Geométrica", com curadoria de Paulo Herkenhoff em novembro, mês de seu aniversário, e "Tomie Ohtake Correspondências" e "Influxo das Formas", ambas com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, em fevereiro e agosto respectivamente. Em dezembro de 2014, a cineasta Tizuka Yamasaki lançou o documentário “Tomie”, que retrata com afetividade e delicadeza o universo da artista, mesclando momentos íntimos de Tomie com depoimentos críticos de Paulo Herkenhoff, Agnaldo Farias e Miguel Chaia. Dos 100 aos 101 anos concebeu cerca de 30 pinturas. Seguiu trabalhando até a sua morte, aos 101 anos, em fevereiro de 2015. Serviço: Exposição “Tomie Ohtake: Cores Gravadas, Linhas no Espaço” Local: galeria de arte da CPFL Cultura. Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1.632, bairro Chácara Primavera – Campinas Data: 28 de agosto a 3 de outubro Horário: segunda a quarta, das 10h às 18h; quinta e sexta, das 10h às 19h; e sábado, das 10h às 18h (sendo até as 20h em dias de programação de música erudita contemporânea) Entrada: gratuita

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